Desde a aquisição da Fox pela Disney, os fãs dos personagens Deadpool e Wolverine aguardavam ansiosamente para ver como esses ícones seriam integrados ao Universo Cinematográfico Marvel (UCM). “Deadpool & Wolverine”, dirigido por Shawn Levy, é o único filme da Marvel Studios em 2024 e traz uma mistura peculiar de irreverência, autocrítica e homenagens ao passado. Esta produção, que reúne Ryan Reynolds e Hugh Jackman, explora o legado dos filmes da Fox enquanto tenta se alinhar ao sempre crescente multiverso da Marvel.
Com uma proposta que vai além da simples continuação de “Deadpool 2”, o longa-metragem tenta criar uma ponte entre universos, introduzindo elementos e personagens do universo mutante da Fox diretamente no UCM. No entanto, ao invés de focar em uma narrativa sólida e bem estruturada, parece priorizar a nostalgia e as referências, apostando na curiosidade e no entusiasmo dos fãs para sustentar sua trama.
Acompanhado de um amigo, que por sinal foi vestido de Dead Pool, e teve que parar para tirar fotos com os vários fãs do personagem, desde a crianças a adultos (inclusive no pós filme, com direito a vídeos ainda sentado nas poltronas). Fui um dos muitos que não quiseram esperar mais um dia, e já acompanhei tudo na pré-estreia. Confesso que fiquei um tanto quanto decepcionado com os brindes ofertados, se limitando a um pôster e um cartão.
Nostalgia e autocrítica
“Deadpool & Wolverine” se destaca pelo forte apelo nostálgico, revisitando momentos icônicos dos filmes anteriores e trazendo de volta personagens queridos. A presença de Hugh Jackman como Wolverine, após sua despedida em “Logan” (2017), é um exemplo claro dessa estratégia. Jackman retorna em um papel que mistura melancolia e redenção, retratando um Wolverine menos heroico e mais reflexivo, ainda culpando-se pelo fim dos X-Men em seu universo.
O filme usa a nostalgia como ferramenta para cativar os fãs, mas também se vale da autocrítica. Deadpool, com seu humor característico, não hesita em zombar da própria Marvel e da finada Fox, criando uma experiência que diverte ao mesmo tempo que reconhece suas falhas. Essa abordagem de autocrítica é um mecanismo inteligente para lidar com as possíveis limitações do roteiro.
Referências e participações especiais
Um dos aspectos mais marcantes de “Deadpool & Wolverine” é a abundância de referências e participações especiais. A trama básica, que envolve a necessidade de Deadpool e Wolverine se unirem para enfrentar a destruição iminente de seu universo pela Autoridade de Variância Temporal (AVT), serve apenas como um fio condutor para uma série de encontros e referências a outros filmes e personagens da Marvel.
Essas participações e referências são uma faca de dois gumes. Por um lado, enriquecem a experiência para os fãs de longa data que estão familiarizados com o universo Marvel e suas nuances. Por outro, podem tornar a narrativa confusa e fragmentada, dando a impressão de que o filme se apoia mais em surpresas do que em uma história coesa. As aparições são muitas vezes feitas para gerar momentos de entusiasmo imediato, mas nem sempre agregam valor.
Estrutura e ritmo
A estrutura do filme sofre com a tentativa de equilibrar uma trama coesa com a inserção de inúmeras referências e participações. A narrativa se desenrola de maneira desarticulada, com várias sequências que parecem existir apenas para surpreender o público com aparições inesperadas.
O diretor Shawn Levy enfrenta dificuldades em manter a coesão e o timing do filme, o que prejudica o desenvolvimento dos personagens e da trama. Embora Ryan Reynolds e Hugh Jackman tragam performances divertidas, suas interações frequentemente parecem forçadas e repetitivas. O filme não consegue se elevar além de um apanhado de referências costuradas, resultando em uma experiência que pode ser divertida em um nível básico, mas que carece de profundidade e inovação.
Filme tem cena pós créditos
Se tem uma coisa que deixa todo mundo na expectativa é se o longa contém algo a mais a se ver após a subida dos famosos “créditos”. Pensando nisso, fiquei sentado esperando o desenrolar. Durante essa subida das letrinhas, várias cenas dos filmes e bastidores de filmes icônicos foram usadas, mostrando os atores em diferentes momentos, focando muito em Wolverine.
Após, Dead Pool aparece como numa espécie de “VAR”, e mostra determinada cena que foi um dos destaques quando os dois chegam ao universo “Vazio”. Lá, ele mostra um momento que foi ocultado durante os 127 minutos, causando um fator surpresa e de grande reação por parte do público.
Vale a pena assistir o filme Deadpool & Wolverine?
Esse é um filme que aposta alto na nostalgia e nas referências para cativar seu público. Embora ofereça momentos de diversão e reverência ao passado, a produção falha em entregar uma narrativa coesa e envolvente. O excesso de participações especiais e a estrutura fragmentada impedem que o filme alcance seu pleno potencial, resultando em uma experiência que é mais uma colcha de retalhos do que uma história bem contada.
Para os fãs, ver Hugh Jackman de volta como Wolverine e acompanhar as piadas de Deadpool sobre os problemas da Marvel pode ser suficiente. No entanto, “Deadpool & Wolverine” não consegue se destacar como um filme inovador ou memorável, permanecendo como um exercício de nostalgia que celebra o passado sem conseguir apontar um caminho claro para o futuro do UCM.
